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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 19 de julho de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: UM BELO VERÃO



Sinopse: Em 1971 a França está atravessando a época da liberação sexual e o ápice do feminismo. Neste contexto, Delphine abandona sua família no interior do país para descobrir a vida intensa em Paris. Chegando à capital, conhece Carole, que vive com o namorado Manuel. Delphine e Carole se aproximam e iniciam uma história de amor.

Até que o cinéfilo se dar conta que a trama se passa em Paris de 1971, as cenas do campo nos primeiros minutos acabam não deixando claro para quem assiste que se trata de um filme de época, mesmo com a trilha que sintetiza o período. Porém, é justamente graças a sua trilha que faz com que a gente se localize e fazendo a gente se dar conta da proposta principal da trama. Liberdade de expressão, liberação feminina e o amor são os motes dessa trama que poderia se passar em qualquer época, mas que se casa com a sua proposta e com o período onde se passa ela.
Estamos na França no inicio da década de 70, onde o debate e novas idéias são colocados a prova e comandadas por garotas com mentes a frente do seu tempo. Isso é muito bem representado pela paixão arrebatadora da garota do campo Delphine (a cantora de rock e atriz Izïa Higelin) com a urbana e revolucionária Carole (a belga Cécile De France). O enredo e a construção dos personagens surgem através das oposições surgidas entre e a cidade grande e o interior, homossexual e heterossexual, feministas e submissão, prazer e obrigação, aceitar o lado cru e abraçar um paraíso secreto.
Embora a trama não explore muito no principio o dia a dia de Delphine, percebemos que ela sofre pelo fato de ter perdido uma paixão secreta com outra garota. Ao mesmo tempo seu pai (Jean-Henri Compère) a questiona por não arranjar um namorado, para assim ter um futuro mais garantido na fazenda. Em meio a isso, percebemos que ela sempre se esquiva das investidas do seu amigo Antoine (Kévin Azaïs) que, embora aparente ser uma boa pessoa, não consegue compreender a posição de sua amiga.
A trama começa a engrenar no momento em que Delphine parte para Paris, onde participa de reuniões de grupos feministas. Porém, se percebe que ela entra nessas atividades, unicamente  para ficar perto de Carole e começa então uma amizade. Contudo, mesmo Delphine investindo em Carole, essa última no principio recua, mesmo sendo tão progressista e com idéias liberais.
Essa recusa não dura muito tempo e ambas iniciam uma ardente paixão às escondidas. Mas por mais que aceite a sua condição sexual, Delphine sofre com o dilema de abraçar um amor proibido, ou aceitar as responsabilidades da sua fazenda. A situação se agrava principalmente quando o seu pai adoece e a responsabilidade acaba batendo ainda mais a sua porta, principalmente pelo medo dos moradores e de sua família reprovarem sobre quem realmente ela é.
Tantas questões que são debatidas na tela acabam servindo de desafios para as atrizes principais. Porém, o que percebemos de imediato é uma química forte de ambas em cena, como se elas já se conhecessem há muito tempo. Não é a toa que Cécile De France foi indicada ao César pelo seu ótimo desempenho.
Não espere por cenas de sexo ardentes como foi vista na obra prima Azul é a cor mais quente, pois o que se vê aqui é algo um tanto mais tímido no principio, como se ambas estivessem aprendendo a lidar com esse tipo de relação na cama. Gradualmente as cenas se tornam mais desinibidas, mas não beirando ao vulgar, mas sim puramente artístico. Curiosamente, a fotografia de Jeanne Lapoirie sintetiza os momentos de luz, onde ambas se sentem livres em fazer amor em céu aberto, como também na escuridão, onde elas se entregam as escondidas.
Conhecida pelos dramas caprichados como 3 Mundos, Catherine Corsini, demonstra moderação nessa trama, mas ao mesmo tempo transmitindo uma lição, da qual a sociedade deveria aceitar esse tipo de amor, já em tempos que se encontra dentro dela.  Seu olhar pessoal para as protagonistas supera até mesmo uma trama que beira um pouco ao convencional, mas ganha frutos por explorar com bom empenho os conflitos internos delas. Isso faz com que o ato final se torne uma verdadeira montanha russa de sentimentos e fazendo com que a gente não tenha certeza sobre quais serão as verdadeiras escolhas que elas venham a tomar.
Embora as questões políticas da época tenham ficado um pouco de lado com relação a proposta inicial do filme, Um Belo Verão é uma pequena obra que se levanta inúmeras questões sobre a liberdade de expressão, amor sem preconceito e o direito de ir e vir sem medo, mesmo perante a uma sociedade conservadora de ontem e hoje.




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