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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cine Dica: Lançamento de livro e exibição de UP! no Projeto Raros

PROJETO RAROS ESPECIAL CEMITÉRIO PERDIDO DOS FILMES B: EXPLOITATION- UP! O EROTISMO ANÁRQUICO DE RUSS MEYER 

Nesta sexta-feira, 7 de junho, às 20h, o Projeto Raros da Sala P.F.Gastal (3° andar da Usina do Gasômetro) faz o lançamento do livro Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation, seguido da exibição de UP!, de Russ Meyer. Após a sessão, haverá debate com os autores Cesar Almeida, Carlos Thomaz Albornoz, Marco A. Freitas e Cristian Verardi. Entrada Franca. Censura 18 anos.

UP!
 
Existe algo de anárquico na obra de Russ Meyer que eleva seu cinema além do erotismo fácil da exploração gratuita dos corpos. Na epiderme de seu trabalho corre um humor libertário, impregnado de violência, um deboche acurado que desestabiliza costumes e regras morais através de uma narrativa caótica que por vezes beira o nonsense. A profusão de corpos nus, de mulheres opulentas e homens priaprícos, serve como arma para desnudar desejos e perversões de uma sociedade castradora e hipócrita. A América de Russ Meyer clama secretamente por um gozo alucinante.
 ”Nada é obsceno desde que seja feito com mau gosto”, costumava dizer um provocativo Meyer.Um dos últimos trabalhos de sua carreira como diretor, Up! é uma obra crepuscular que somatiza características peculiares ao estilo de Meyer; para ele o sexo era um elemento superlativo. Mulheres de seios monumentais, homens brutos e apalermados ostentando ereções monstruosas, êxtase sexual constante, violência gráfica de tons cartunescos, tudo isso costurado por uma narrativa amalucada em prol da provocação e do deboche das convenções sociais e dos tabus sexuais.O olhar apurado de Meyer, que foi um notório fotógrafo da revista Playboy durante os anos 1950, capta planos inusitados, sempre valorizando os fartos seios de suas atrizes,  enquanto realiza com furor sequências de humor, violência e erotismo.

 Kitten Natividad, uma de suas atrizes fetiche, funciona como um coro grego para narrar a estranha trama whodunit que se desenrola em meio a maratona sexual promovida pelas personagens de Up!. Quem matou Adolf  Schwartz? Um Hitler genérico adepto de práticas masoquistas que é castrado por um peixe colocado criminosamente em sua banheira. Esse enigma pouco interessa às personagens, que preferem se dedicar a incessantes e divertidas aventuras sexuais invés de se preocupar com o assassinato. Enquanto Paul (Robert McLane) e Sweet Lil Alice (Janet Wood) gozam bucolicamente em meio aos campos, Margo Winchester (Raven De La Croix), a garçonete local, enlouquece os homens transformando-os em verdadeiros predadores sexuais, e o xerife Homer Johnson (Monty Bane), despreocupado com o crime, prega a lei a sua maneira, utilizando mais seu pênis do que sua arma.A cena de abertura com Adolf  Schwartz sendo alegremente sodomizado por um membro descomunal e submetido a sessões de sadomasoquismo, é uma verdadeira zoação de Russ Meyer (ex-combatente e fotógrafo da 2° Guerra Mundial), não apenas com a figura histórica de Hitler, mas com todas as autoridades morais que impestam nossa sociedade pregando de forma ditatorial éticas sexuais hipocritamente castradoras. A sequência histérica, onde um lenhador brutamontes de apetite sexual descontrolado tenta violentar Margo Winchester, culminando num hilário banho de sangue após uma luta envolvendo  machados e uma motoserra, é um exemplo da insanidade narrativa de Meyer, que mescla habilmente os gêneros, indo prontamente do erotismo ao mais puro grand guignol.
 Carl Jung disse que ”o cinema torna possível experimentar sem perigo, toda a excitação, paixão e desejo que deve ser reprimida numa humanitária ordem de vida”, e o erotismo libertário e provocador  proposto pelo cinema de Meyer tende a corroborar essa afirmação, tendo o sexo e o humor como as mais poderosas armas de subversão.

(Cristian Verardi - texto originalmente publicado no livro Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation. Ed. Estronho).



Mais informações, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui. 

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